segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aquele olhar

Distante, e ao mesmo tempo tão perto
Fingido, mas por vezes soa tão sincero
Sensível, e ao mesmo tempo tão duro
Que me aquece, mas mesmo assim é tão frio
Indecifrável, e as vezes tão óbvio
Transparente, que esconde tantos segredos
Mutante, e ao mesmo tempo tão decidido
Tão atento e tão distraído
Quieto e mesmo assim tão extrovertido
Calmo como uma tempestade
Claro como a luz do anoitecer
Áspero e mesmo assim tão suave
Ora feliz ora triste, com o humor sempre em uma constante de fatos
Que não mudam a realidade
Tão enigmático e tão simples
Tão discreto e mesmo assim tão atraente
Tão bonito e tão indiferente
Tão experiente mas tão jovem
Tão igual, porém inconfundível
Ah eu poderia escrever um poema sobre aquele olhar
Quem me dera decifrá-lo
Quem me dera ter palavras para descrevê-lo por completo
Quem me dera entende-lo
Ah se eu pudesse pegá-lo para mim para analisar cada traço
Cada linha
Cada característica
E descobrir todas as nuances de cor em um olhar tão uniforme
Uma constante de mudanças
Tão bipolar


Por: Leticia G. Vieira

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ser Feliz

De novo aqui vou remando no mar da vida e tentando encontrar um porto fora de mim. Porto chamado felicidade. Não que eu seja infeliz. Mas também não sou plenamente feliz. Fico assim, como um pêndulo ora pra lá, ora pra cá, nesse balanço. O que é felicidade ? É ter ou alcançar o que se busca, i.é, apenas um desejo realizado ? Parece pouco para um bem cada vez mais raro . Se for verdade então dificilmente serei feliz, porque todo desejo satisfeito deixar de existir e deixando de existir a felicidade vai com ele, um bem não durável . Pêndulo pra lá.

Ser feliz é ter um pouco de infelicidade e felicidade. Parece loucura, se felicidade é desejo satisfeito então para ser feliz sempre terei que desejar, porque o fim da felicidade é o fim do desejo [outra forma capitalista de ser feliz ou infeliz ? Realizar é matar ] uma contínua busca do que [me ou nos] falta. Mas o fim de um desejo sempre me leva ao tédio porque parece que não há nada mais a buscar, e se não há, torno-me infeliz porque passei a vida desejando desejar. Assim, para ser feliz tenho que desejar o que não posso ter ou o que não depende de mim, o que fecunda em mim a esperança de esperar não ter que esperar mais. Pêndulo pra cá.

Dizem alguns filósofos que desejo é falta, verdadeiro, pelo menos para mim. Então realmente não posso ser feliz [serei infeliz] porque como posso ser feliz tendo falta ? Quando digo que “te amo” na verdade estou dizendo que sinto sua falta e se eu sinto sua falta já não amo como deveria porque procuro satisfazer minha falta com tua presença [ egoísmo ], como se amar é ser livre de egoísmos ? Como alcançar sem destruir pela satisfação ? Pêndulo pra lá.

Assim, neste jogo que aparentemente sempre se perde [ sempre com um olho no que foi e outro no que virá ] vou esquecendo de ver “o que é”. Fica cada vez mais claro para mim que felicidade é uma jornada, na qual aprendemos a juntar os cacos [meu e seu] que somos e encontramos [um pêndulo pra lá e pra cá sempre constante]. É aprender a contentar-se, com o que se tem e com que se é, difícil tarefa para seres insatisfeitos. Será ? A jornada de cada um de nós no final é que poderá dizer. O que posso dizer por enquanto é que sou feliz por você existir [sem cobrar ou pedir algo em troca, por nada], uma forma diferente de amar e ser feliz.


Por : Adilson Vieira